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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sagrada Escritura


 Tua Palavra constrói
Senhor, transforma-me com tua palavra. Que tua palavra seja-me luz para os caminhos e força que me leve a segui-los sem receios. A leitura de tua palavra já tem feito milagres estupendos de conversão. São muitos os santos que hoje estão no céu, junto de ti, porque, lendo a tua palavra, souberam escutar e porque souberam escutar, puderam acertar a sua vida e se salvar.
Senhor, glorifico-te pelo bem que fazes nascer ainda hoje no coração de quem lê a tua palavra com respeito, fé e amor. Não é de outra forma que eu também quero ler a tua palavra. Quero que ela me faça crescer. Quero que ela me faça ser mais teu pela graça. Vejo que sou pequeno. Vejo que sou fraco. Vejo que não me basto para mim mesmo! O que os homens dizem nem sempre edifica e nem sempre constrói. Na verdade, somente tu tens palavra de vida eterna, e não há nada que tua palavra não possa construir! Sei disso e creio.

Como sinto necessidade do pão para alimento de meu corpo, sinto necessidade de tua palavra para alimento de meu espírito

Senhor, eu te peço: faze que tua palavra reconstrua a minha vida. Estou cansado de andar por caminhos tortuosos e de andar torto. Estou cansado de errar e de fazer loucuras. Se eu continuar assim, não sei onde irei parar, e só sei que jamais hei de te encontrar. Isto seria um desastre, seria a mais desastrada infelicidade da minha vida. Tenho provado que a felicidade que procuro nos bens deste mundo e na companhia dos homens não dura muito tempo, e quando ela se vai, fica-me no coração uma tristeza imensa e um vazio capaz de levar-me ao desespero.
Como sinto necessidade do pão para alimento de meu corpo, sinto necessidade de tua palavra para alimento de meu espírito. Não é com os ouvidos que ouço o que falas. É com o amor do coração. Dá-me este amor para que eu perceba o sentido de cada palavra que dizes! Diz o Evangelho que as multidões esqueciam-se até do alimento material para ouvir as palavras que Cristo lhes dizia. Suas palavras eram de bondade, de esperança e de perdão. E todos, entusiasmados, diziam dele: “Ninguém nos falou tão bem como ele!”
Senhor, dá-me gosto de tua palavra. Dá-me a alegria de sentir-me atraído por tuas palavras e mudado por toda palavra que dizes. Dá-me a alegria de crer que, cada vez que me falas, queres para mim o bem imenso de uma vida nova, enriquecida de bênçãos e de paz!
Senhor, Cristo disse que somente entra no céu aquele que ouve a tua palavra e a põe em prática. Que não me fales em vão, e que tua palavra, caindo em meu coração, produza frutos abundantes como semente que cai em terra boa. Bendito sejas! Amém.

*Pe. Orlando Gambi, C. Ss. R. (In memorian)

São José e São Luís Guanella

Uma profunda devoção

A Pia União de Orações pelos Agonizantes nasceu da profunda devoção de São Luís Guanella a São José. Uma corrente de preces que sobe ao Céu, unida à poderosa direção do Padroeiro da Santa Igreja e dos agonizantes: São José.
A devoção a São José na Família Guanelliana tem raízes profundas. Nasceu e desenvolveu-se em São Luís Guanella já durante a sua infância, e em suas Congregações, desde o início, tornou-se “fermento” junto à sua Obra. O contexto histórico em que se põe o nascimento e o desenvolvimento das Congregações (Filhas de Santa Maria da Providência e Servos da Caridade), em âmbito eclesial, era propício a uma redescoberta do grande santo, cujo culto na segunda metade do século XIX cresceu de tal maneira que não há igual para com outros santos. Pio IX constituiu São José Padroeiro Universal da Igreja e os Papas sucessivos fizeram concorrência para enriquecê-lo com outros títulos.
Leão XIII, em cujo Pontificado teve início a Família Guanelliana, está entre os devotos mais ilustres de São José. Em sua Encíclica “Quamquam pluries” escreveu: “Se Deus deu José à Virgem por esposo, certamente lhe deu somente para o sustento da vida, como testemunha da sua virgindade, para guardião da sua honra; mas, por força do vínculo conjugal, o fez também participante de sua excelsa dignidade. Desta dignidade derivam naturalmente todos os deveres que a natureza impõe aos pais de família”.
Sobre esta reflexão São Luís Guanella imposta a sua especialíssima predileção a São José, colocando-o sobre o mais alto pedestal quando escreve: “José foi escolhido pelo Pai eterno para ser chefe da Sagrada Família. Assim o grande santo, a quem obedeceram Jesus e Maria, deve estar sobre o trono em todas as Casas de nossa Obra”.
Basílica de São José, no bairro

Basília de São José, no bairro Trionfale
em Roma


 
Entre tantas razões que explicam a grande devoção de São Luís Guanella a São José há o fato de que o Santo Patriarca teve o privilégio, não só de viver, mas também de concluir sua extraordinária existência assistido por Jesus e por Maria, merecendo por tal privilégio o patrocínio dos agonizantes. A este título São Luís Guanella quis dedicar a nova igreja que ele estava construindo em Roma, no bairro Trionfale, a atual Basílica de São José, que agora está no meio de um populoso bairro, mas que no início do século surgiu entre raros e pobres barracos aos pés do Monte Mário, solitário refúgio dos pastores. Despovoada era também toda a planície da margem direita do rio Tibre, se o Santo Pontífice Pio X (José Sarto), outro devoto de São José e admirador da Obra Guanelliana, podia observar da janela do seu apartamento, como ele mesmo disse, o lento crescer dos muros da nova Basílica. Uma observação importante: para construir a igreja e a sede da Pia União de Orações pelos Agonizantes, São Luís Guanella escolheu no bairro Trionfale, um terreno de sete mil metros quadrados, cujo proprietário era nada menos do que o Banco da Itália. O terreno estava à venda por 70 mil Liras, importância astronômica para o caixa permanentemente vazio de Guanella. E se sabe que os Bancos não costumam fazer beneficência.
São Luís Guanella deu de entrada 2 mil Liras e o restante, como de costume, confiou à Divina Providência. Era o ano de 1908. No ano seguinte, entre os casebres espalhados aqui e ali, surgiu a igrejinha provisória para reunir os fieis da redondeza. Aos 6 de junho daquele ano, graças à generosa ajuda de Pio X e dos demais benfeitores, foram lançados os fundamentos da Basílica de São José, destinada a tornar-se, disse Guanella, “um trono de graças do qual os agonizantes de cada dia, no mundo inteiro, recebessem os divinos auxílios para a grande passagem à eternidade”.

Aurélio Bacciarini, primeiro pároco da paróquia São José, em Roma
 
A previsão de São Luís Guanella se realizou, pontualmente como tantas outras. Os santos têm fácil acesso aos segredos de Deus. No dia 19 de março de 1912, Guanella inaugurou a Basílica, celebrando nela a primeira missa. O coroinha foi o engenheiro Aristides Leonori, que realizou o projeto e acompanhou toda a construção em troca deste único privilégio: “servir” à missa de inauguração. “Quem dá aos pobres recebe de Deus”, costumava dizer São Luís Guanella. E o piedoso e competente engenheiro, sem dúvida, terá sido recompensado em medida “plena e dobrada” quando levantou voo em direção ao paraíso, acompanhado pelo santo padroeiro da boa morte.
Foi, de fato, para facilitar a conquista do Paraíso, que Guanella organizou, a partir deste novo templo, em toda a Igreja uma cruzada – assim se dizia na época – de orações por todos os agonizantes, reunidos numa “Pia União” sacerdotes e fieis, que com suas preces imploram a São José uma especial assistência a quantos tinham chegado à última hora de sua vida terrena. Esta Pia União foi aprovada canonicamente no dia 17 de fevereiro de 1913, pelo Cardeal Respighi, ficando sua sede central junto à nova igreja, que mais tarde seria elevada a Basílica Menor.

Papa Pio X, o primeiro Pontífice a se inscrever na Pia União para os agonizantes

Pio X, pouco antes de morrer deu à Pia União a aprovação definitiva, decretando que qualquer outra futura Pia União para assistência espiritual dos agonizantes fosse agregada a esta “Primária”, crescida à sombra da grande Família Guanelliana.
Para concluir, eis o que escreve a este respeito o mais competente biógrafo de Guanella, Pe. Leonardo Mazzucchi, que foi seu segundo sucessor, após o servo de Deus, Pe. Aurélio Bacciarini, primeiro pároco da paróquia São José, no bairro Trionfale: “Guanella quis que a nova igreja de Roma fosse dedicada a honrar a bem-aventurada “Passagem” de São José à eternidade. Conseguiu instituir no local uma Associação dirigida a confiar a sorte espiritual dos agonizantes à proteção do esposo de Maria Santíssima...” (cf. Leonardo Mazzuchi em “A vida, espírito e obras do Pe. Luís Guanella”, p. 357).